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domingo, 17 de outubro de 2010

Renda de bilro


Em meados do século 18, os imigrantes vindos de Portugal e Açores chegaram ao Brasil trazendo com eles uma tradição: a renda de bilro, que logo ganhou aceitação das brasileiras. Essa tradição foi passada de mãe para filhas.
As rendeiras recordam que suas avós e bisavós já trabalhavam com a renda e lhes passaram os bilros.


A renda de bilros é realizada sobre uma almofada dura, cilíndrica, de pano grosso, cheia com palha, algodão ou crina, conforme a região.
Sobre a almofada é colocado um cartão perfurado, o pique ou pinicado, onde está o desenho da renda, feito com pequenos furos, onde são espetados os alfinetes (ou espinhos de mandacaru). Os alfinetes são deslocados à medida que o trabalho progride.
Os fios são manejados por pequenas peças de madeira torneada, os bilros.


Os bilros são manejados aos pares pela rendeira, que imprime um movimento rotativo e alternado a cada um, orientando-se pelos alfinetes.
O número de bilros utilizado varia conforme a complexidade do desenho.


Houve um tempo em que as mulheres teciam juntas, cantando músicas de amor.

“As senhoras estão sentadas em banquinhos baixos diante de suas almofadas – na varanda de telha-vã ou à sombra das mangueiras do terreiro. Suas mãos seguram punhados de bilros que são atirados de um lado para o outro e que se encontram em percussões que lembram o som das marimbas ou o de gotas de água pingando do alto. Acumulam-se em ganchos à direita e à esquerda e vão sempre sendo trocados pelos dedos malabares que não param. Nasce a renda como uma espuma, uma teia, um aljôfar, um arabesco, uma guirlanda. O ritmo de seu desenho é acompanhado pela cantiga de bocas quase fechadas, inspirada às rendeiras – pela cadência do trabalho, pela trama que se estende como pauta musical e pelo acompanhamento firme dos bilros que estalam como castanholas.” (Pedro Nava)

A prática já não se vê, assim como as filhas das rendeiras não querem aprender o ofício. Apesar do encanto, economicamente a atividade não é bem sucedida. O tempo de trabalho para uma pequena produção não faz frente às peças fabricadas em escala pelas fábricas.
Enquanto isso a renda industrializada ganha terreno, podendo fazer sumir o requinte dessa arte manual tão delicada.

Mas ainda podemos encontrar rendeiras espalhadas por esse Brasil afora, isoladas ou em pequenos grupos que se unem para manter viva essa tradição.


As mais famosas são as rendas do Ceará, mas também, não menos formosas são as rendas de Santa Catarina, da Lagoa da Conceição, onde ainda se vê rendeiras tecendo nas calçadas e ali mesmo, vendem suas peças aos turistas interessados.





Fontes: Livros: Artesãos do Brasil (Editora Abril ) – Ceará Terra da Luz (Terra da Luz Editorial) - Baú de Ossos (Pedro Nava); http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda_de_bilros
http://www.almanaquebrasil.com.br/especiais/encantadora-mulher-rendeira/
http://www.fotoflagrante.com.br/2010/02/casarao-da-lagoa-a-casa-das-rendeiras/

8 comentários:

  1. Já vi fazer essa renda, pareceu-me quase impossivél eu conseguir...é linda, fina, graciosa.
    Belo post!
    Bjs

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  2. Estela... Aminha avó tinha muitos guardanapos e toalhas de mesa, de renda de bilro... Eu ainda tenho alguns guardados. São muito lindos.

    Beijooooooooo

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  3. A primeira foto são de paninhos que eu tenho, comprados no Ceará.

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  4. " Olá mulher rendeira...olá mulher renda... tu me ensina a fazer renda..."
    Poi é, esses panos que mostras aqui são delicados e de um desenho muito bonito.
    Tenho muita coisa de bilros que a minha Mãe mandou fazer em Portugal (então Metrópole) para o meu enxoval...Acreditas que tenho uma toalha de banquete em bilros com 4 metros que nunca a estriei porque ficava a arrastar na minha mesa...
    Gostei da tua explicação bem cuidada, aliás como tudo que tu fazes...
    Já vi fazer renda de bilros mas eu acho que nunca seria capaz...
    Beijocas e um óptima semana para ti.
    Graça

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  5. Què trabajo tan maravilloso!!!! y con esa cantidad de agujas. Ojalá no se pierda la tradición y las mujeres de tu país continúen haciendo estas maravillas, realmente un sueño.
    abrazos mi querida Estela

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  6. Matéria 5 ***** Não conhecia a história dessa renda linda e delicada, adorei conhecer, acho maravilhoso esse trabalho.
    “Guardados” Também é cultura.
    Bjokinhas querida...

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  7. Oi amiga!!! que lindos!
    tenho umas toalhinhas parecidas que ganhei da comadre que mora lá no Ceará...agora ela está de muda para a Bahia!
    sexta feira segue teu chinelo via pac!
    abraços!

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  8. MUITO BOA ESSA POSTAGEM SOBRE NOSSAS RENDAS.

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