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domingo, 23 de junho de 2013

Gatos


“Cada vendedor tinha o seu modo especial de apregoar, destacando-se o homem das sardinhas, com as cestas do peixe dependuradas, à moda de balança, de um pau que ele trazia no ombro. Nada mais foi preciso do que o seu primeiro guincho estridente e gutural para surgirem logo, como por encanto, uma enorme variedade de gatos, que vieram correndo acercar-se dele com grande familiaridade, roçando-se-lhe nas pernas arregaçadas e miando suplicantemente.”

                                                                           Aloísio de Azevedo (O Cortiço)

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Tínhamos na nossa casa dois gatos pretos e lindos. O peixeiro passava em dias determinados. Os gatos, acho que já sabiam o dia certo do peixeiro passar, pois antes mesmo de se ouvir o grito "peixeeeeiro, olha o peixeiro", eles iam até a cozinha onde estava a minha mãe, miavam e se esfregavam nas suas pernas e saíam em direção ao portão da casa, insinuando que minha mãe os acompanhassem. Chegando no jardim, subiam no muro e ficavam miando esperando que o peixeiro chegasse.
O peixeiro, é claro, já sabia que não podia deixar de  passar por lá. Era freguesia certa!.

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