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terça-feira, 20 de março de 2012

A respeito das Árvores

A sossegada convivência com a doce mãe Natureza

«Temos tido alguns problemas ecológicos graves. (...) A mangueira daqui de casa é um pouco exibida, gosta de aparecer, de maneira que dá duas safras descomunais (quatrocentas mangas em cada, mais ou menos - todo o mundo aqui enjoa de manga e os amigos me evitam, para não ganharem mais mangas de presente) por ano, em épocas que nem passariam pela cabeça de uma mangueira normal. (...) No jardim a situação também é séria e, o que é pior, por culpa minha. Resolvi plantar, junto de uma absurda estátua, cuja origem ninguém da família lembra, intitulada "Verão" embora de aparência feminina e frágil, uma árvore que nem tem nome popular no Brasil. Li não sei onde que essa tal árvore é uma verdadeira maravilha, cresce em qualquer lugar, resiste a tudo e serve para tudo, inclusive para lenha, porque, se for cortada no tronco, cresce de novo ad infinitum
Chama-se Leucena leucocephala e está sendo usada por alguns plantadores de cacau para fazer sombra aos cacaueiros, pois cacaueiro não gosta de sol. (...) Mal acaba de florar uma vez, começa a florar de novo. Não tem senso de decência. Faz brotos novos, produz vagens e sementes, produz flores e solta folhas velhas simultaneamente, num furor quase visível, coisa impensável entre plantas, pois se existem entes discretos e recatados, estes são as plantas, apesar de certas mangueiras, e, indiscutivelmente, algumas bromélias e girassóis.» (*)

João Ubaldo Ribeiro, Arte e ciência de roubar galinha (1998)



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quarta-feira, 7 de março de 2012

De Mulheres


Mulheres são perfumes
Estrelas encantadas...

Fragmentos

de Adélia Prado
A casa é grande e trabalho duro preparando meu próprio casamento, desejo muito me casar. Tudo por fazer. Quero muitas flores, bombons que desejo à mão, em todo canto, quero uma casa bonita.


de Yêda Schumaltz
O que me comove mesmo
são minhas calcinhas
bonitas demais,
meus travesseiros,
minha cama, bombons ao licor
e cerejas.


de Martha Medeiros
nem velas, nem molho branco
hoje nosso jantar
acontece por baixo da mesa

desfias minhas pernas de seda
teu beijo promete mais tarde

jogo a toalha de renda no chão
me rendo.


de Cora Coralina
Não conte pra ninguém / Eu sou a velha mais bonita de Goiás.
Namoro a lua, namoro as estrelas
(...)
Eu nasci num tempo antigo,
Muito velho, / Muito velhinho, velhíssimo.
(...)
Sou mulher como outra qualquer.
Venho do século passado / E trago comigo todas as idades
(...)
Nasci para escrever, mas, o meio,
O tempo, as criaturas e fatores / Outros, contramarcaram minha vida.
(...)
Sou mais doceira e cozinheira / De que escritora, sendo a culinária
A mais nobre de todas as Artes:
Objetiva, concreta, jamais abstrata... 


Pelo Dia Internacional da Mulher
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Imagem: DANIEL KNIGHT - RODA DE COSTURA
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segunda-feira, 5 de março de 2012

Heitor Villa-Lobos



Heitor Villa-Lobos - O trenzinho do caipira (Bachianas brasileiras #2)

125 anos de seu nascimento - 5 de março de 1887
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