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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Xícaras de Vidro


Uma tarde destas, fui com a minha irmã fazer algumas compras, ela queria comprar xícaras e acabou comprando xícaras de vidro transparente, e que me fez voltar no tempo... No tempo em que éramos crianças.

Nessa época, na minha casa, tinha a hora do lanche com café com leite e broinhas de coco ou de milho que o padeiro trazia, invariavelmente às três horas da tarde. Era a hora mais esperada do dia. Quando ouvíamos a buzina de sua bicicleta, corríamos para recebê-lo, era uma festa. Às vezes se fazia um bolo.
Éramos dez, em nossa casa, meus pais, três irmãs, três irmãos, Ceição e eu. Às vezes contávamos com primas, primos e amigos vizinhos...
Não sei como cabia tanta gente assim... mas como diz um certo ditado:
"Para acomodar bem e a todos basta abrir o coração".
Era isso, era o coração aberto e espaçoso!


Um certo dia, nosso pai chegou em casa trazendo uma novidade, era um pacote grande. Todos nós ficamos em volta do pacote pra ver o que era. Era uma dúzia de xícaras... Xícaras de vidro!
Para os meus olhos, elas reluziam como cristais.

E a hora do lanche ficou mais alegre, de uma alegria transparente.
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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Não se incomode


Há duas coisas que pode incomodar:
Ser você bem sucedido, ou ser mal sucedido.
Se for bem sucedido,
Não há motivo algum para se incomodar;
Se for mal sucedido, de duas uma:
Ou você conserva a saúde, ou fica doente.
Se conservar a sua saúde,
Não há motivo algum para se incomodar:
Se ficar doente, das duas uma:
Ou você sara, ou você morre.
Se você sarar,
Não há motivo algum para se incomodar:
Se morrer, das duas uma:
Ou você vai para o céu, ou para o inferno.
Se for para o céu,
Não há motivo algum para se incomodar:
Se for para o inferno,
Você terá que cumprimentar tantos conhecidos,
Que não terá tempo para se incomodar...


Guilherme de Almeida

domingo, 17 de outubro de 2010

Renda de bilro


Em meados do século 18, os imigrantes vindos de Portugal e Açores chegaram ao Brasil trazendo com eles uma tradição: a renda de bilro, que logo ganhou aceitação das brasileiras. Essa tradição foi passada de mãe para filhas.
As rendeiras recordam que suas avós e bisavós já trabalhavam com a renda e lhes passaram os bilros.


A renda de bilros é realizada sobre uma almofada dura, cilíndrica, de pano grosso, cheia com palha, algodão ou crina, conforme a região.
Sobre a almofada é colocado um cartão perfurado, o pique ou pinicado, onde está o desenho da renda, feito com pequenos furos, onde são espetados os alfinetes (ou espinhos de mandacaru). Os alfinetes são deslocados à medida que o trabalho progride.
Os fios são manejados por pequenas peças de madeira torneada, os bilros.


Os bilros são manejados aos pares pela rendeira, que imprime um movimento rotativo e alternado a cada um, orientando-se pelos alfinetes.
O número de bilros utilizado varia conforme a complexidade do desenho.


Houve um tempo em que as mulheres teciam juntas, cantando músicas de amor.

“As senhoras estão sentadas em banquinhos baixos diante de suas almofadas – na varanda de telha-vã ou à sombra das mangueiras do terreiro. Suas mãos seguram punhados de bilros que são atirados de um lado para o outro e que se encontram em percussões que lembram o som das marimbas ou o de gotas de água pingando do alto. Acumulam-se em ganchos à direita e à esquerda e vão sempre sendo trocados pelos dedos malabares que não param. Nasce a renda como uma espuma, uma teia, um aljôfar, um arabesco, uma guirlanda. O ritmo de seu desenho é acompanhado pela cantiga de bocas quase fechadas, inspirada às rendeiras – pela cadência do trabalho, pela trama que se estende como pauta musical e pelo acompanhamento firme dos bilros que estalam como castanholas.” (Pedro Nava)

A prática já não se vê, assim como as filhas das rendeiras não querem aprender o ofício. Apesar do encanto, economicamente a atividade não é bem sucedida. O tempo de trabalho para uma pequena produção não faz frente às peças fabricadas em escala pelas fábricas.
Enquanto isso a renda industrializada ganha terreno, podendo fazer sumir o requinte dessa arte manual tão delicada.

Mas ainda podemos encontrar rendeiras espalhadas por esse Brasil afora, isoladas ou em pequenos grupos que se unem para manter viva essa tradição.


As mais famosas são as rendas do Ceará, mas também, não menos formosas são as rendas de Santa Catarina, da Lagoa da Conceição, onde ainda se vê rendeiras tecendo nas calçadas e ali mesmo, vendem suas peças aos turistas interessados.





Fontes: Livros: Artesãos do Brasil (Editora Abril ) – Ceará Terra da Luz (Terra da Luz Editorial) - Baú de Ossos (Pedro Nava); http://pt.wikipedia.org/wiki/Renda_de_bilros
http://www.almanaquebrasil.com.br/especiais/encantadora-mulher-rendeira/
http://www.fotoflagrante.com.br/2010/02/casarao-da-lagoa-a-casa-das-rendeiras/

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Parabéns ao Chile



Parabéns ao Chile pelo grandioso trabalho no resgate aos seus mineiros.


Votos de Felicidades e Vida Nova para todos eles!

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Família Cearense


Chegaram de surpresa, pai, mãe e dois filhos. Vieram para ficar comigo, bem juntinho, no meu coração.
Traziam com eles uma carta de recomendação (clique duas vezes na imagem pra ler a carta) e preciosos presentes.

Esses lindos caminhos de mesa bordados






... e que combinaram com o meu novo arranjo de flores.


Fiquei emocionada, pulando de alegria.

Gesto tão delicado da Darci, doce amiga, que sabe olhar com o coração.

Ah! Foi festa completa, pois o Nilton também ganhou um livro bonito.

Obrigada Darci, obrigada Antônio...
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cada açúcar no seu lugar, cada açúcar na sua hora


Açúcar... Hoje é dia de açúcar, pois estou precisando de doçura.
Eu quero a sua doçura no céu da minha boca. Seu doce sabor que agrada a quase todos os gostos e ainda é capaz de acalmar emoções.

Todo mundo sabe a fama do açúcar, esse doce vilão, que em excesso pode causar muitos males.
Mas verdades e mitos à parte, ele é uma fonte de prazer que nos acompanha desde a tenra infância, quando nos deliciávamos com os doces, os bolos, biscoitos ou as balinhas feitas por nossas avós, tias e mães ou compradas no armazém da esquina, na barraquinha em frente à escola.

Apesar de estar presente no mel, nos cereais, nas frutas, no leite e no malte, vem da cana-de-açúcar e da beterraba a versão mais comum do açúcar, sendo que aqui o comum mesmo é da cana-de açucar. É composto por cristais de sacarose e as formas de refino resultam diferentes tipos:
Rapadura, Melado, Açúcar Cristal, Refinado, Cande, Mascavo, Demerara, Açúcar de confeiteiro, Orgânico e outros mais.
Cada tipo tem uma aplicação, cada tipo dá uma receita diferente.

“Cada açúcar no seu lugar, cada açúcar na sua hora
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Só se pode fazer melado com rapadura. Só com ela se tempera café forte e autêntico. Só se pulveriza doce seco com o cristalizado. Só com o mulatinho se obtém o bom café-com-leite-de-açúcar-queimado. Para o doce de coco, baba-de-moça e quindim – o refinado. Para o de mamão verde, idem. Idem, ainda, para a cocada branca seca ao sol e para a cocada em fita. Para as cocadas raladas de tabuleiro de rua – o açúcar preto. E assim por diante.”
(Pedro Nava – no livro Baú de Ossos)

E veja só como é versátil!
Ele sozinho ou só com um pouco de água é capaz de se transformar em verdadeiras delícias, operando verdadeiros milagres na cozinha.
Ponto de calda, de caramelo, de bala dura, de bala puxa, alfenins e algodão doce são algumas das guloseimas que podemos obter dessa maneira tão simples, só variando quantidades, temperatura, tempo e técnica de preparo.

Alfenim é o que mais me agrada – doce delicado e suave, de origem árabe que nos chegou pelas mãos dos colonizadores portugueses.
Água, rapadura e vinagre ou limão ou ainda óleo de amêndoa, variando conforme a região. O segredo é acertar o ponto da calda, deixar amornar e começar a esticar a massa até ficar elástica e macia. Formam-se pequenos rolos e modela-se ao gosto de quem faz: flores, bonequinhos ou simples barrinhas.


Desde a madrugada estava acordada, mexendo a calda de açúcar, acrescentando-lhe o dedal de vinagre da receita. Agora, os alfenins, já prontos, secaram em seu tabuleiro, no parapeito da janela da cozinha. Fui ver aquelas cândidas figurinhas: lírios de pétalas frágeis, pombinhos unidos pelo bico, corações entrelaçados.
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Louco por doces, João se sentava num tamborete ao lado do fogão e ajudava-a a fazer o puxa-puxa. Os fios brancos se esticavam entre as suas mãos, de uma palma a outra – clara sanfona. E ele mesmo ficava com cheiro de calda queimada.”

(Heloneida Studart – no livro O pardal é um pássaro azul)


E, colocando leite de coco na receita dos alfenins, teremos deliciosas balas que derretem na boca e faz um bem danado ao coração.



A segunda foto são das minhas balinhas.
As outras são da Internet.
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Arranjo

Meu Arranjo de Primavera depois de arrumado ficou assim...
Visto de um lado.



Visto de cima



Visto do outro lado