A VIAGEM DA DILIGÊNCIA
Abandonei minhas roupas da cidade que me obrigavam a um excesso de dignidade.
A QUINTA
LAVRADOR! Canta a tua quinta.
Quero descansar um instante - e sonhar, junto de tuas granjas,
com o verão que os perfumes dos fenos me lembrarão.
Pega tuas chaves; uma por uma abre-me todas as portas...
........................................................................................
A quinta porta é a do fruteiro:
Diante de uma clarabóia as uvas pendem de barbantes; cada bago
medita e amadurece, rumina em segredo a luz; elabora um açúcar perfumado.
Peras. Amontoados de maçãs. Frutas! Comi vossa polpa sumarenta. Joguei
as sementes no chão: que germinem! Para dar-nos prazer novamente.
Amêndoa delicada. Promessa de maravilha; nucléola; pequena
primavera que dorme à espera. Semente entre dois verões; semente atravessada
pelo verão.
Pensaremos depois, Nathanael, na germinação dolorosa (o esforço da
erva para sair da semente é admirável).
Mas maravilhemo-nos agora com isto; cada fecundação se acompanha
de volúpia. O fruto envolve-se de sabor; e de prazer toda a perseverança na
vida.
Polpa do fruto, prova sápida do amor.
Que nos acompanhe uma poeira de neve, que nossa
rapidez erguerá! Trenós! A vós atrelo todos os meus desejos...
A última porta abria-se para a planície.
.....................................................................................................
.....