Era
um quintal bordado de sombra e sol. Havia canteiros ao redor da casa, junto ao
muro, e pequenas bancadas onde minha avó costumava preparar suas mudinhas. O
muro, já bem velho e com suas marcas do tempo, resguardava com orgulho esse
pequeno paraíso. A goiabeira e um pé de romã ficavam esquecidos lá no fundo.
A
romãzeira, quando florescia, iluminava aquele canto com suas flores coloridas,
como lanternas em dias de festa. E os frutos, quando amadureciam, se abriam em
sorrisos.
As
hortênsias... Estas me fascinavam, pareciam querer sempre me agradar com suas
flores pequeninas e delicadas, unidas em buquês, imensas bolas coloridas
trazendo mais alegria ao jardim... Brancas, azuis e cor de rosa, havia algo de
mágico em como elas contrastavam com o verde de suas folhas.
Também
havia rosas, cravinas e jasmins. O vento levava o perfume dessas flores pra
dentro da casa, deixando uma nuvem de bem estar. E as borboletas passeavam, fazendo
lindos bailados no ar. Era mesmo um jardim encantado. Por certo, era moradia de
fadas!
Minha
avó gostava de plantar mudas em pequenas latas, com que presenteava ou vendia,
quando aparecia freguês na bodega. Vó e as plantas se entendiam muito bem, tudo
florescia como num passe de mágica.
Seria
minha avó, uma fada?
Acho
que sim...
(Estela
Siqueira – 27/02/2015)
Foto das mudinhas plantadas por um dos netos da minha avo, meu irmão Tonhito, atualmente.
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