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domingo, 1 de março de 2015

450 ANOS DO RIO




PARA MINHA CIDADE

Enquanto subo a ladeira que me levará ao Morro do Leme, tendo o mar à esquerda, volto ao passado. Onde estarão tuas ruas limpas, rescendendo a jasmim, com as calçadas em perfeito estado. Onde estarão os bons dias, boas tardes, bois noites com que saudávamos aqueles que, mesmo desconhecidos, cruzavam conosco. Onde as bicicletas disciplinadamente rodando em tuas ruas, sem representar um perigo para os transeuntes, ao invadir o espaço destes. Onde o bonde, os cinemas de bairro, as bem abastecidas padarias, as grandes barbearias, nos tempos em que, de bala, só ouvíamos falar daquelas sortidas, coloridas, saborosas, as quais, mais do que inundar nossos sentidos, deixavam o coração em regozijo, e daquela com que Getúlio pôs termo à vida.
Verdade é que, se o mundo gira, como querer que permanecesses a mesma de outrora? Portanto, fez-se mister que  mudasses, mas não tanto, e que, em tal mudança, deixasses perdido um bom naco de tua alma.
Mas, ao ver como explodes em cores e em beleza, vista do cimo do morro, custa-me conter as lágrimas que se enrodilham na garganta, ameaçando irromper de meus olhos. Como podes ser tão impudicamente bela? Como podes, aos 450 anos, guardar o frescor de uma menina pré-adolescente?
Fico, pois, solenemente, a contemplar-te. Tais perguntas jamais terão resposta.

Nilton Maia (28/02/2015)  



Fotos tiradas do Morro do Leme - RJ

Texto de Nilton Maia do blog:

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