Folheando as revistas que ganhei da Senhorinha Lígia, postadas AQUI encontrei este texto tão rico e romanticamente rebuscado, nos revelando o estilo da época em que foi escrito, 1949.
Copiei o texto para facilitar a leitura, pois a foto não saiu muito nítida. Vale a pena ler até o fim, será puro deleite para nós, que vivemos, hoje, nesta época tão corrida e agitada.
Eis o texto:
"Passeava, certa vez, em verde campina, atapetada de
flores primaveris, formosa, encantadora mulher, que procurava, em contato com
as belezas da natureza, um derivativo ao tédio que a aniquilava.
Era ao despontar da aurora, quando o sol, rompendo as
cortinas de nuvens de seu esconderijo noturno, surgia, cheio de luz, por detrás
dos montes, e, com as pinceladas brilhantes dos seus raios dourados, debuchava
o seu mais lindo quadro do dia.
Os pássaros, numa sinfonia suave e melodiosa, cantavam
as suas matinas; as flores, concertando as suas pétalas mimosas, esparsiam, no
ambiente puro dos campos, o doce aroma com que atraíam os colibris multicores,
para o beijo da multiplicação da espécie.
Toda uma fauna de animais, num vozear álacre, acorria,
pressurosa, ao regato cristalino e borbulhante, que lhes oferecia a ninfa pura
e fresca, serpeando em curvas graciosas por entre a relva verde e macia do
vale.
Os bosques de árvores floridas agitavam as suas frontes
ao leve perpassar da brisa matutina, e o céu, de um anil deslumbrante, se
povoava com as revoadas alegres das borboletas multicores, que encantam a vista
e deleitam o espírito.
Tudo isto servia de encanto àquela que procurava, no
campo, o que o panorama citadino não lhe podia
oferecer, com a sua simétrica monotonia.
Extasiada, ante tanta beleza, que nem todos conhecem, e
atraída pelo encanto de uma árvore florida, ela se aproximou de um galho para
colhê-lo.
Foi quando reparou numa teia de aranha, que encerrava a
mais bela tecitura que jamais comtemplara.
O fio delgado e mágico daquela artífice fantástica
apresentava um filigrana divino, que desafiava a mão mais hábil de qualquer ser
humano, na sua inigualável confecção.
Meditou aquela mulher sobre os segredos da tecelã
anônima; pesquisou, acuradamente, os métodos de trabalho da aranha habilidosa;
tomou uma teia para modelo e, depois, em casa, fez, com as suas mãos mimosas,
outra teia, mas de linha, com a ajuda das agulhas, sob a inspiração mais terna
do seu coração maternal, e nos deu um trabalho magnífico, o crochê, que é a
semelhança mais aproximada das lindas teias de aranha."
E para ilustrar, um pequeno trabalho que lembra uma verdadeira teia de aranha, copiado da própria revista:
Detalhe
Se quiser ver mais postagens dessas revistas é só ir no MARCADORES ao lado
e clicar em "OUTROS TEMPOS"
....
Felizes as donas destas mãos de fada que constroem excelentes trabalhos.
ResponderExcluirAs aranhas obedecem ao instinto mas aquelas que executam estas obra são donas de uma inteligência superior.
Oi Estela
ResponderExcluirNão conhecia essa história tão linda e poética sobre essa beleza que é o trabalho de crochê,uma obra-prima de fato e assemelha-se com a misteriosa teia de aranha.
Obrigada por compartilhar ,
Uma boa PÁSCOA, felizes dias,
O texto, é também uma bonita teia de palavras repletas de poesia. A teia de aranha emociona sempre quem ama a natureza. Agora no inverno (já estamos na primavera mas o frio e a chuva ainda não nos deixaram...) via algumas no meu jardim cobertas de pequenas gotículas de água que pareciam pérolas...
ResponderExcluirAinda bem que a jovem veio para casa e idealizou essa bela teia em crochet.
Engraçada a maneira como surgem estas obras de arte.
Para ti, minha querida e família uma Páscoa feliz, doce e com muita esperança que este mundo se transforme numa bonita teia de amizade e solidariedade.
Mil beijos.
Graça
Estela obrigado pela partilha.
ResponderExcluirUma páscoa feliz.
Beijinhos
Maria
Querida amiga, passei para desejar uma Páscoa muito feliz.
ResponderExcluirBeijinhos
Já era pra ter vindo há mais tempo... mas cadê tempo?
ResponderExcluirQue texto tão maravilhoso, Estela!
Adoro peças de crochê, mas não tenho habilidade para tal, sou boa costureira. Minha sogra tentou me ensinar, mas não teve jeito. Em compensação, tenho algumas toalhinhas parecidas com essa que ilustra a matéria. Lembra perfeitamente, uma teia de aranha.
Xêro
Que texto lindo Estela, eu amei essa teia tb....
ResponderExcluiressas poesias lindas mexem com a gente
bjosss