“O primeiro sutiã a gente nunca esquece”...
Era lindo, o meu primeiro sutiã, de cetim cor de rosa, todo
pespontado em volta do bojo formando um leve acolchoado.
Fui menina na década de 1960, quando os sutiãs eram verdadeiras esculturas de espuma de látex, mas este era menos volumoso por se tratar de um modelo menina moça.
Herdei-o de minha irmã mais velha. Dentre as quatro filhas
de minha mãe, eu ocupei o terceiro lugar, sendo comum naquela época herdar algumas
roupas das mais velhas.
Minha irmã mais velha era muito cuidadosa e o sutiã estava como novo.
Ficava horas na frente do espelho olhando a minha mais nova
peça, símbolo de sedução naquele tão delicado rito de passagem.
e o primeiro namorado a gente também não esquece...
Vesti meu sutiã, olhei-me no espelho, coloquei o vestido e
fui ao encontro dos meus amiguinhos jogar bolas de gude (imagina aquela moçona,
de sutiã e tudo, jogando bola de gude – era o máximo!).
Havia no grupo um amiguinho mais especial, que me tratava
com muito carinho.
Sendo a minha vez de jogar então, sedutoramente como convinha
a uma menina-moça, ao me inclinar para tecar a bola de gude, deixei que aparecesse
o sutiã através do decote...
Neste dia eu até venci o jogo.
Nunca tive a certeza que ele tivesse percebido o gesto, mas
só sei que sempre me convidava para jogar bola de gude, muitas vezes só nós
dois.
Era tudo tão ingênuo, tão velado... e hoje aqui revelado.
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Adorei! Gostoso de ler!
ResponderExcluirEu tb lembro como eu queria logo ter um sutiã pra poder ser igual às outras meninas (as maiores). Aí foi indo, indo... e com o tempo percebi que se trata de um artefato imprescindível na luta contra a gravidade! huahauhauhaua
Mas que tem poesia, aahh, isso tem!
Beijos!
Há momentos assim nas nossas vidas Estela.
ResponderExcluirInesquecíveis.
E voce registrou bem o soutien e o namoradinho nunca mais ninguém esquece rs
Passando pra deixar o abraço do dia das mães.
Oi Estela!
ResponderExcluirnossa , quase nem me lembro do primeiro , mas com certeza era rosa de bojo...
lindo dia de mãe!
bj
Recordações que resistem ao tempo e amadurecem a alma.
ResponderExcluirEstela eu lembro muito bem do meu. Era de renda com lycra. Era bem simples lembro-me de uma mistura de emoções de gostar e ao mesmo tempo de não gostar. Não gostar pelo fato de reconhecer de que estava crescendo, e gostar por que era algo que eu queria muito. O tempo passou e hoje lendo este post eu voltei no tempo e relembrei tantas coisas... obrigada por me fazer recordar e rever um pouco da minha história
ResponderExcluirNada tem mais mais sabor pra mim do que recordações. Mas ao contrário de muita gente elas me fazem muito feliz. Me vi neste teu texto. Era uma época tão linda. As emoções eram mais fortes,por que éramos mais puros, tanto os meninos quanto as meninas. A imaginação era o que nos enlouquecia. "Era tudo tão ingênuo,tão velado"Adorei esta citação. Um grande abraço amiga Estela.
ResponderExcluirAhh que texto mais terno!
ResponderExcluirTambém não esqueço meu primeiro soutien listradinho...
Um abraço!
Margoh