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segunda-feira, 2 de março de 2015

O QUINTAL DA MINHA AVÓ





Era um quintal bordado de sombra e sol. Havia canteiros ao redor da casa, junto ao muro, e pequenas bancadas onde minha avó costumava preparar suas mudinhas. O muro, já bem velho e com suas marcas do tempo, resguardava com orgulho esse pequeno paraíso. A goiabeira e um pé de romã ficavam esquecidos lá no fundo.
A romãzeira, quando florescia, iluminava aquele canto com suas flores coloridas, como lanternas em dias de festa. E os frutos, quando amadureciam, se abriam em sorrisos.

As hortênsias... Estas me fascinavam, pareciam querer sempre me agradar com suas flores pequeninas e delicadas, unidas em buquês, imensas bolas coloridas trazendo mais alegria ao jardim... Brancas, azuis e cor de rosa, havia algo de mágico em como elas contrastavam com o verde de suas folhas.

Também havia rosas, cravinas e jasmins. O vento levava o perfume dessas flores pra dentro da casa, deixando uma nuvem de bem estar. E as borboletas passeavam, fazendo lindos bailados no ar. Era mesmo um jardim encantado. Por certo, era moradia de fadas!

Minha avó gostava de plantar mudas em pequenas latas, com que presenteava ou vendia, quando aparecia freguês na bodega. Vó e as plantas se entendiam muito bem, tudo florescia como num passe de mágica.
Seria minha avó, uma fada?
Acho que sim...

(Estela Siqueira – 27/02/2015)

Foto das mudinhas plantadas por um dos netos da minha avo, meu irmão Tonhito, atualmente.


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domingo, 1 de março de 2015

450 ANOS DO RIO




PARA MINHA CIDADE

Enquanto subo a ladeira que me levará ao Morro do Leme, tendo o mar à esquerda, volto ao passado. Onde estarão tuas ruas limpas, rescendendo a jasmim, com as calçadas em perfeito estado. Onde estarão os bons dias, boas tardes, bois noites com que saudávamos aqueles que, mesmo desconhecidos, cruzavam conosco. Onde as bicicletas disciplinadamente rodando em tuas ruas, sem representar um perigo para os transeuntes, ao invadir o espaço destes. Onde o bonde, os cinemas de bairro, as bem abastecidas padarias, as grandes barbearias, nos tempos em que, de bala, só ouvíamos falar daquelas sortidas, coloridas, saborosas, as quais, mais do que inundar nossos sentidos, deixavam o coração em regozijo, e daquela com que Getúlio pôs termo à vida.
Verdade é que, se o mundo gira, como querer que permanecesses a mesma de outrora? Portanto, fez-se mister que  mudasses, mas não tanto, e que, em tal mudança, deixasses perdido um bom naco de tua alma.
Mas, ao ver como explodes em cores e em beleza, vista do cimo do morro, custa-me conter as lágrimas que se enrodilham na garganta, ameaçando irromper de meus olhos. Como podes ser tão impudicamente bela? Como podes, aos 450 anos, guardar o frescor de uma menina pré-adolescente?
Fico, pois, solenemente, a contemplar-te. Tais perguntas jamais terão resposta.

Nilton Maia (28/02/2015)  



Fotos tiradas do Morro do Leme - RJ

Texto de Nilton Maia do blog:

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