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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Arruando em Petrópolis



Na sua Cadeirinha de Arruar, a nossa querida amiga Lúcia Bezerra de Paiva vem nos encantando com lindas canções em “Papai Cantava”. Acabamos por descobrir, nesta última postagem - A NATUREZA! - que a canção faz parte do poema - Leonor: Poema Brazileiro em Oito Cantos - escrito em 1866 por J.A. D’Almeida Cunha.

E por conta disto, eu me encantei ao ler o Poema e, em especial quando ele fala sobre a cidade de Petrópolis, aqui no Rio de Janeiro. Quem conhece a cidade vai concordar com as palavras do autor, onde ele revela uma Petrópolis antiga de uma Grande Magia. Cidade serrana que nos encanta até os dias de hoje...

Mantive a grafia original para que não se perdesse sua pureza e autenticidade:

Petrópolis
.....................................................................................
Petropolis é a filha da Allemanha
nascida aqui nos climas tropicaes;
princesa vaporosa, que se banha
das agoas transparentes 'nos christaes,
flor, que nasceo 'num cimo de montanha,
beijada por zephiros festivaes.

Camponesa de faces rosi-melias,
d'olhos azues, e de gentis maneiras;
correndo entre boninas e bromélias,
sentada à grata sombra das mangueiras,
c'roada d'açucenas e camelias,
ouvindo o chocalhar das cachoeiras.

Berço de flores onde o viajante,
cansado do ruido das cidades,
vae haurir um perfume embriagante,
lenitivar saudades!

Linda, que fazes tu que te reclinas
de enorme cordilheira á extremidade?
aspiras os perfumes das boninas?
contemplas do Senhor a immensidade?
quem veio, dize, em horas vespertinas
dar-te seiva e calor, gentil cidade?

Tudo em ti é formoso! a naturesa
derramou graças mil 'na tua fronte!
como é formosa a tua camponesa
trazendo agoa da fonte!

A vista encanta-se 'na suavissima
contemplação de flores variegadas,
de estatuas fabuladas postas em mil posturas;
o olfacto se embriaga
'nas magicas doçuras
dos perfumes, que ali
destilla tanta flor;
o ouvido — ao amenissimo
trinado do cantor
nascido 'na floresta,
a alma em prazer alaga;
e o ente une-se à festa
ledo, fora de si,
co'a alma cheia de amor!
Ah! tudo é bello aqui! repuchos, tanques, flores, busios, canteiros, conchas, perfumes inebriantes, cyprestes, morangueiros, murmurios seductores, zephiros inconstantes!

Tudo revela gosto!
Labyrinthos, estradas,
umas quebradas,
tronchas,
outras em linha recta;
caminhos de pé posto,
muros de pitangueiras...

ahi
qualquer poeta
commetteria asneiras!...
.............................................................

J. A. d`Almeida Cunha – Leonor - Poema brasileiro em oito cantos - 1866



Obs. Para quem não sabe ou não lembra, esses pontilhados significa que tem muita coisa escrita ( destacando apenas uma parte do poema).


A foto eu peguei AQUI.
Palacete Imperial de Petrópolis - Litografia do holandês P. Bertichem.
Palácio construído entre 1845 e 1857 para residência de verão da família imperial. A partir de 1940, o palácio foi transformado no Museu Imperial.


Para entender melhor leia os comentários de Quasímodo e os meus (Estela), entre por AQUI.
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