Acompanhar este blog

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Arrebol




Palavrinha antiga, tão bonita e não se usa mais! A gente só encontra no dicionário ou em textos antigos, do tempo dos nossos avós. Saiu de moda!

Saiu de moda, mas o arrebol continua, ele é perene, inesgotável, ele é a própria luz do sol, é aquele vermelhão que deixa o céu em fogo, ele é um incêndio no céu.

É aquele vermelhão quando o sol chega de manhã ou quando vai  embora, na tardinha.

Arrebol é aurora, amanhecer, é o ocaso, o entardecer.





Adoro ler textos, poesias ou canções antigas e então, lá encontrar palavrinhas desusadas.





Eis a loucura do arrebol da tarde a pôr no horizonte lumaréus de fogueira” 
 (Adelaide Félix - Cada qual com seu Milagre – Editora Argos - 1941)





(José de Alencar – O Guarany - 1857)

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Cantiga






Você lembra, Olguinha, quando fez parte do teatrinho da escola?
Era a encenação de uma cantiga “Sombrinhas”. Um grupo de meninas entrava no palco. Cada menina trazia uma sombrinha da mesma cor do vestido que usava.
As sombrinhas eram abertas, todas ao mesmo tempo e as meninas passeavam pelo palco enquanto cantava a pequena cantiga:

“Nossas sombrinhas de cores,
brancas azuis e cor de rosa
parecem juntar as flores
de uma estufa caprichosa.
Resvalando o sol ardente
numa beleza sem par
que delícia para a gente
sob as carícias do mar.
Manhã serena, cheia de luz, da tarde amena
que nos conduz
serenas, abertas, em pleno arrebol.
Hei-nos alertas
fugindo ao sol.”

Ao final da cantiga, as meninas se perfilavam no palco. Uma a uma se destacavam do grupo e recitavam cada qual uma pequena poesia falando da cor que representava. As outras meninas continuavam cantando, apenas sussurrando, como se fosse uma cantiga de ninar.
Você tinha dez anos de idade, Olguinha, e estava linda de azul.
Azul era o seu vestido, azul era sua sombrinha, a sua poesia... Azul era o seu sonho.
Você lembra, Olguinha? Era setembro.