Bom de ler!
O Lápis do Carpinteiro - é uma história de amor cheia de
ternura e humanidade, vivida em plena Guerra Civil Espanhola, narrada em uma
linguagem poética, que ameniza os horrores vividos pelos protagonistas.
“O romance de Rivas “é uma grande história de amor,
melancolia e liberdade”, segundo seu próprio autor. E acrescenta: “é uma
história de amor que se sobrepõe à destruição, uma história de liberdade que se
sobrepõe à suspensão das consciências e uma história de lucidez que se sobrepõe
à alienação.”
Um trecho do livro: página 77
Tio Nan
(...) Para Herbal, Nan era um ser estranho. No pomar
havia uma macieira coberta de musgo branco, o preferido dos melros. Era assim,
entre os de sua família, aquele tio-avô carpinteiro. Naquela aldeia, a velhice
estava sempre espreitando. Repentinamente, mostrava os dentes numa esquina
sombria, enlutava as mulheres num canto de névoa, mudava as vozes com um gole
de aguardente e enrugava a pele na passagem de um inverno.
Mas a velhice não transpassara Nan. Caiu sobre ele,
cobriu-o de cabelos brancos e de pelos brancos que se encrespavam no peito e
vestiam seus braços como o musgo veste os galhos da macieira, mas a pele
amarelava, lustrosa, como o cerne do pinheiro nacional, os dentes reluziam
brilhantes pelo bom humor, e além do mais andava sempre com aquele adorno
vermelho na orelha. O lápis do carpinteiro. Na oficina de Nan nunca fazia frio.
O chão era um leito macio de ripas. O aroma da serragem matava a umidade. (...)
***
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