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terça-feira, 17 de abril de 2012

Artesãos de rua

 Estes trabalhos são feitos na hora, com palha verde de coqueiro, a gente fica esperando até ficar pronto. Vale a pena ver as mãos do artesão que deslizam moldando a palha verde.


 Entre outros trabalhos como panelinhas, bujões de gás, aviões, escolhi a balancinha.
Todos  feitos com latas de refrigerantes,

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Corações de chocolate

 Coração de chocolate é tudo de bom e, melhor ainda se for recheado, não é mesmo?

E se viajou quilômetros para chegar às nossas mãos, fica mais gostoso ainda...


Coração recheado com marzipã coberto com chocolate ao leite.

É pra se saborear um a um com muito gosto, deixar que ele se derreta lentamente na boca, sem mastigar... só sentindo o gostinho das amêndoas misturadas ao chocolate.



Marzipã é um doce artesanal preparado a partir de uma pasta feita de amêndoas moídas, açúcar e claras de ovos. Sua consistência permite que seja moldada em praticamente qualquer formato. Costuma-se fazer pequenos "biscoitinhos" em formas variadas, como bichinhos, flores, estrelas e frutas, geralmente coloridas com corantes comestíveis apropriados. Também podem ser adicionadas essências como as de amêndoas ou de rosas. 
Serve também para cobrir bolos, substituindo o glacê, para rechear bombons, biscoitos, cupcakes, sendo o corante opcional.
Receita de marzipã do site Mais Você de Ana Maria Braga:
·                    1 xícara (chá) de amêndoas descascadas
·                    1/2 xícara (chá) de açúcar de confeiteiro
·                    1 colher (chá) de água de rosas (ou 3 gotas de essência de amêndoas)
·                    gotas de corantes líquidos (da cor desejada)
·                    clara de ovo (se necessário)
Num processador coloque 1 xícara (chá) de amêndoas descascadas e +/- 1/2 xícara (chá) de açúcar de confeiteiro. Dica: Se você quiser dar cor coloque neste momento gotas de corantes líquidos (da cor desejada) e para dar um gosto especial, 1 colher (sopa) de água de rosas.
Processe até obter um pó. Se for moldar flores, por exemplo, a massa deve estar mais fina. Bater até esfarelar.
Ainda com o processador ligado coloque o restante do açúcar de confeiteiro, aos poucos, até sentir que a massa está dando liga, mas não pegajosa. Atenção: Neste momento é que irá perceber se for necessário entrar a clara de ovo. Pegue um pouco da massa e com as mãos faça uma bolinha. Se a bolinha esfarelar com facilidade, coloque aos poucos (com auxilio de uma colher de café) clara de ovo, e processe até obter uma massa.
Dica: a cor da massa vai depender da quantidade de corante que colocar. Se a cor desejada ficar muito escura, misture um pouco da massa branca.
Retire a massa do processador e coloque dentro de um saco plástico e apenas tire pedaços o suficiente para moldar no formato desejado para que ela não resseque. Coloque pequenas porções da massa entre 2 folhas de saco plástico e com o auxílio de um rolo, abra até obter uma espessura de 5 mm. Afine bastante para ter menos trabalho com as mãos.
Corte com moldes pequenos e faça a forma que você desejar.
O aproveitamento da massa é de 100%. Congele por até 6 meses.
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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Saudade do jejum

Mais uma crônica de João Ubaldo Ribeiro que vale a pena ler até o fim.

Saudade do Jejum

Hoje não tem mais nem Semana Santa como antigamente.
Principalmente as Semanas Santas que passei, quando era menino
em Aracaju. Isto já faz mais tempo do que eu gostaria de admitir,
mas, de qualquer forma, não faz tanto tempo assim. Faz o suficiente,
é bem verdade, para eu ficar escandalizadíssimo com as Sextas-
Feiras Santas de hoje em dia. Não está direito.
Desde o começo da Semana Santa, a gente escutava umas
aulas de catecismo tristíssimas, tão tristes que às vezes a professora
chorava e todo mundo chorava, de maneira que, na Sexta-Feira
Santa, o clima já estava preparado. Não precisava nem da missa,
com o padre todo de roxo e falando uns latins que a gente estava
sentindo que era coisa tristíssima, porque todo mundo já amanhecia
triste. Se alguém ligasse o rádio (estava na cara que era meio pecado,
mas às vezes a gente facilitava e ligava — tudo tentação do Cão, é
claro), só ia ouvir música clássica. Não precisava ser sacra: podia ser
a Heróica, podia ser até a abertura de Madame Butterfly. Mas tinha
de ser clássica, coisa séria, para mostrar respeito, e então às vezes a
gente escutava aquela música e ficava mais triste ainda. Também
não se podia falar alto, dar muita risada e sair correndo por aí, como
se fosse um dia normal. Futebol, nem pensar, as pernas podiam ir
mirrando, mirrando, até Deus castigar de vez e o sujeito passar o
resto da vida de muletas.
O que salvava a Sexta-Feira Santa, naturalmente, era a
perspectiva do Sábado de Aleluia. Algumas famílias davam até
presentes às crianças. A minha não dava, mas, já na sexta-feira de
noite, a gente podia sentar no sofá e arriscar umas risadinhas,
porque, quando a mãe reclamava das risadas, a gente falava que era
porque amanhã Cristo ia ressuscitar e aí a mãe achava justo. Aliás,
geralmente achava tão justo que começava uma risadaria sem fim,
todo mundo se torcendo de rir uns dez minutos. Era bom.
No sábado, a molecada toda se reunia junto aos postes de ferro
para começar a fazer barulho assim que o sino da igreja de São José
tocasse. Tocava mais ou menos às dez horas e aí a gente batia com
pedras e martelos nos postes, até que toda Aracaju era uma aleluia
só. Mais tarde, deixavam as crianças ficar acordadas noite adentro,
para assistir à queimação de Judas, precedida da leitura de um
testamento em versos, em que alguém sempre herdava um penico
enferrujado e todo mundo achava engraçadíssimo. Uma vez eu
herdei esse penico e, pensando bem, meu patrimônio não se ampliou
muito além disso até hoje.
A Semana Santa também se caracterizava pelo rigoroso jejum
que a gente observava. Comer carne, principalmente a partir da
quarta-feira, o mínimo que dava era a pessoa ficar a noite em claro,
achando que ia morrer estuporada. Pelo menos pereba dava, era fato
conhecido. Então, já na segunda-feira, minha mãe não facilitava, não
existe nada pior do que menino perebento. Ela anunciava, na hora
do almoço:
— Esta semana, jejum completo!
Era um grande sacrifício. Com a família toda reunida em volta
de uma mesa gigantesca, a gente enfrentava: uma moquequinha de
curimã; um escaldado de curimã, para os meninos enjoados, que não
comiam moqueca; uma salada de bacalhau, para meu avô
português, mas todo mundo metia a mão; curimã frita, para os
meninos ainda mais enjoados, que não comiam nem moqueca nem
escaldado; um vermelho assado, que minha mãe não deixava de
fazer, senão meu pai reclamava e dizia que era muito, muito infeliz, e
então minha mãe enchia meu pai de vermelho assado; feijão de leite;
feijão normal, para os meninos enjoados e meu pai, que não
comíamos feijão de leite; um ensopadinho de camarão, para o caso
de chegar alguém e a gente poder passar vergonha; arroz, chuchu,
maxixe, abóbora, tomate, macaxeira, fruta-pão, inhame, pão (para
meu avô português), macarrão, manga, abacaxi, caju, melancia,
mamão, pitomba, gravatá, marmelada, goiabada, compota de caju,
doce de leite, baba-de-moça, biscoito rico, queijo de bode, requeijão,
manteiga de garrafa, bolachão, suspiros e sequilhos, além de mais
umas vinte coisas, que a memória me falha nestas horas. Na
verdade, o jejum lá de casa era conhecido e vinham amigos e
parentes de longe, só para jejuar com a gente. Sempre foram
recebidos, não davam trabalho algum, bastava acrescentar uns cinco
pratos ao cardápio e reforçar o tira-gosto, que começava a sair às dez
horas da manhã de terça-feira e só parava domingo de noite, pelo
menos que eu saiba.
Hoje, não. Hoje ninguém mais jejua, é ou não é?
Principalmente aqui no Nordeste. Deve ser o desgaste do espírito
religioso de nosso povo. Aqui no Nordeste se passa muita fome, mas
nunca que é a mesma coisa.
                                                                                              (19-04-81)

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Uma Boa Semana Santa a todos, com umas cocadinhas pra acompanhar... 


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